domingo, 25 de agosto de 2013

A TRAGÉDIA DAS OPORTUNIDADES PERDIDAS

Tenho para mim que um dos textos mais significativos dos Evangelhos é o que menciona o encontro do mancebo de qualidade com o Senhor Jesus. Aquele jovem procurou a pessoa certa, no momento certo; fez a pergunta certa e ouviu a resposta certa; mas tomou a decisão errada. O que de mais triste se pode declarar a seu respeito é que ele perdeu uma oportunidade para sempre.

Napoleão Bonaparte declarou que a capacidade pouco vale sem oportunidade. E que dizer dos que têm oportunidade sem qualquer uso da capacidade? O cego de Jericó morreu com uma visão excelente porque aproveitou a oportunidade de clamar em alta voz pelo Filho de Davi. Judas rejeitou a última oportunidade de que dispôs para reparar seu trágico pecado. William George Ward escreveu que as oportunidades são como o nascer do sol: quem esperar demais, certamente perderá. A História da Igreja se caracteriza por uma alternância constante entre oportunidades aproveitadas e perdidas.

Os onze discípulos no pós-Ressurreição apressaram-se na escolha do sucessor de Judas e perderam a oportunidade de ter a indicação direta de Cristo apontando Paulo como o duodécimo apóstolo. Ananias e Safira perderam a oportunidade de passar para a História como um modelo perene de generosidade e morreram tragicamente, diante dos santos Obreiros. Demas jogou fora a oportunidade de ser lembrado como um obreiro fiel, digno de ser imitado e abandonou a companhia de Paulo, preferindo amar o presente século mau.

O notável escritor Dale Carnegie declarou que um dos grandes segredos da vida consiste em suas oportunidades e Demóstenes já dizia que pequenas oportunidades são muitas vezes o começo de grandes empreendimentos. Saul teve todas as oportunidades possíveis, mas falhou por sua negligência em aproveitá-las.

A Igreja no tempo do Imperador Constantino teve a oportunidade de reagir ao seu projeto de cristianizar o Império, mas acomodou-se. Quando despertou, era tarde demais. Lutero tem recebido o respeito e a admiração de milhões, ao longo dos séculos, por não haver lançado na cesta do lixo a oportunidade de reagir aos desmandos de uma Igreja que enveredou pela trilha dos abusos heréticos.

Pessoalmente glorifico a Deus pelos Círculos de Oração que (ainda) existem em praticamente todo o Brasil, pois tem sido uma alavanca divina no ministério da intercessão e da súplica diante do Trono do Eterno. Mas eles passaram a existir quando e porque a Igreja do Senhor, como um todo, deixou de orar e foi delegando essa atividade a uma (bem) pequena porção do Rebanho. Glorifico também ao Eterno Deus pelos muitos estabelecimentos de ensino teológico que atualmente enchem nossa Pátria, a (talvez) maioria dos quais presta um extraordinário serviço ao Reino.

Mas eles começaram a surgir quando e porque a Igreja abandonou os cultos de ensino profundo da Palavra e perdeu a oportunidade de crescer por inteiro no conhecimento da Palavra, delegando essa tarefa e esse privilegio a uma minoria. Centenas de igrejas estão alavancando a obra de Evangelismo através de comissões de pessoas apaixonadas pela difusão do Evangelho. Mas não custa lembrar que essas Comissões apareceram quando e porque a Igreja como um todo deixou de lado a prática do Evangelismo.

Grandes homens de Deus poderiam estar abalando e revolucionando esta Nação com extraordinárias Cruzadas de Evangelização se não houvessem desprezado a oportunidade dos dons e da vocação recebidos para fazer crescer a Igreja nesta Pátria. Extraordinários pregadores não fizeram o devido caso dos talentos espirituais e da unção de Deus sobre suas vidas e atualmente estão confinados em lugares outros, havendo relegado a segundo plano a melhor parte.
 
Igrejas pentecostais centenárias deste País desprezaram a oportunidade de evangelizar as classes média e alta e foram substituídas por outras, que despontaram assombrosamente. Deus nos privilegiou com o obséquio da manifestação dos dons espirituais, mas temos perdido a oportunidade de os usar com ousadia e outros vieram ocupar esse espaço, alguns com recursos e estratégias estranhos, mas com a coragem que nos faltou.

O Brasil poderia ser em verdade o celeiro missionário de um mundo agonizante, mas a oportunidade tem sido deixada de lado porque as lutas dos filhos de Israel (guerras tribais) estão consumindo todo o tempo, toda a energia, todo o dinheiro e toda a visão da Noiva. José Hernandez disse que a oportunidade é como ferro: devemos batê-lo enquanto está quente.

Estamos desperdiçando a oportunidade de mostrar uma identidade de Igreja santa, cada vez que misturamos nossas músicas e nossos cantores com os do mundo, numa aliança que Deus jamais permitiu, por exemplo, entre israelitas e cananeus. As oportunidades de construirmos milhares de templos por todo o Brasil estão se tornando cada vez mais escassas porque a fortuna financeira da Igreja está sendo canalizada para construções faraônicas, para veículos de soberba ostentação e para financiamento de artistas insaciáveis.
Várias vezes os pentecostais perderam as oportunidades de possuírem uma poderosa cadeia de televisão ou, ao menos, de emissores de radio, mas a falta de unidade e coesão impediu a realização desse objetivo.

Em contrapartida emissoras de propriedade de evangélicos jogou fora a oportunidade de executar uma programação pelo menos sóbria e agora disputa com as demais a exibição do que há de pior. Isto pode ser chamado de a tragédia das oportunidades perdidas. Daqui a pouco o exemplo de humildade, de singeleza e de simplicidade deixará de surgir dos púlpitos evangélicos, porque eles estão passando esta oportunidade para sacerdotes de outras plagas.
 
Estamos perdendo as últimas oportunidades de pregar toda a Bíblia, porque novas leis estão sendo tramadas para nos impedir desse dever milenar. Seria extremamente útil aproveitarmos esta oportunidade e refletirmos maduramente sobre todas as outras, antes que as percamos para sempre. Imaginar que os dias futuros serão floridos pode soar bem aos ouvidos, porem melhor seria ouvirmos as (escassas) vozes dos verdadeiros profetas. Talvez eles tenham algo pesado para dizer, mas pelo menos nos faria acordar. E seria maravilhoso aproveitarmos a oportunidade de estar acordados no Dia da Vinda do Senhor, que se aproxima. Assim, com certeza com ele subiremos e ficaremos eternamente.

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